terça-feira, 19 de agosto de 2008

Gustavo Cerbasi no POUPINVE$T

O consultor de finanças pessoais Gustavo Cerbasi deverá participar de um evento em Salvador em outubro. Porém, o investidor pode começar a fazer o dever de casa, colocando em prática algumas das lições do especialista. Em entrevista exclusiva ao POUPINVE$T, Cerbasi fala sobre as alternativas para colocar o orçamento familiar em dia, sair do vermelho e economizar para investir. Para quem tem foco no longo prazo, a alternativa sugerida pelo especialista é a previdência privada, que considera a aplicação mais segura, embora menos rentável na comparação com outros produtos do mercado financeiro.
PP - A maioria das pessoas acha muito difícil, ou até impossível acumular dinheiro para investir. O que o senhor teria a dizer a elas?
Cerbasi - O nosso problema, aliás, são dois problemas. O primeiro é a falta de educação financeira, que eu acho que deveria ser dada nas escolas é uma das razões das pessoas não acreditarem. É questão de acumulação, não de soma. Se você tem 10 anos para enriquecer, você não não enriquece metade em cinco anos, e metade em outros cinco. Você tem que construir as bases de enriquecimento aos poucos para gerar a maior base dos efeitos no final do prazo que você imagina. É uma questão de exponencialidade, ganho sobre ganho. Quanto mais você tem, mais rápido você chega lá. Isso requer uma certa educação, uma certa reflexão, e mostrar que vale a pena passar por este processo é uma questão de explicação que as pessoas deveriam receber em alguma momento da vida, a meu ver na escola. O segundo motivo pelo qual as pessoas não conseguem poupar é a falta de exemplo. A maioria de nós descendemos de pessoas que realemnte têm um padrão de vida muito reduzido.
PP - No atual cenário, qual seria a melhor opção de investimento, para quem tem foco no longo prazo?
C - Na verdade, no momento pelo qual passa o Brasil, com um grau de investimento recém recebido, estamos passando por um momento de geração recorde de empregos, empresas investindo para crescer, o consumidor cada vez mais consciente do que é melhor para ele, temos um forte processo de enriquecimento da sociedade acontecendo. Então, qualquer tipo de investimento vai se mostrar algo interessante para os próximos anos. Agora, se a pessoa vai para a bolsa de valores, ou se a pessoa vai para os fundos que seu banco oferece,tudo vai depender do tempo que a pessoa tem para acompanhar as aplicações, e do seu apetite para o risco. Para a maioria dos brasileiros, hoje, os planos de previdência privada representam a melhor relação custo-benefício. Não é a opção mais rentável, mas uma modalidade na qual a pessoa pode aplicar com consistência, segurança e tranquilidade. No momento em que a pessoa senta com um consultor de previdência, está comprando um pacote de planejamento. A pessoa tem uma noção muito clara do caminho que vai percorrer, e se tiver dúvidas que tem a quem recorrer, àquele mesmo consultor com quem ela contratou o plano.
PP - Ter uma meta de poupança todo o mês pode ajudar a pessoa a investir?
C - A meta de poupança ajuda, mas não precisa ser muito alta. É fundamental perceber que tem um plano a ser posto em prática, e é importante procurar dar qualidade ao orçamento. O que tenho observado na minha carreira de consultor é que muita gente topa o objetivo de construir seu primeiro milhão,mas faz isso a custa orçamento extremamente limitado, o que transforma a vida da pessoa num eterno processo de pagar contas. O resultado é que a pessoa não encontra seus momentos de prazer, sacrifica a sua vida pessoal e passa a se sentir frustrada. Isso causa instabilidade na vida da pessoa. Passa a faltar lazer, faltam amigos, então a pessoa vai descobrir que o problema está no seu orçamento e vai deixar de poupar. Isso é um erro, pois a pessoa não pensou, anteriormente, em sua qualidade de vida. Um primeiro passo poderia ser separar 10% da renda para poupança.