segunda-feira, 28 de julho de 2008

Artigo: Queda à vista...


Por: Lucas Leal, professor da Focus Finance Educação Financeira


Para os iniciantes a primeira sensação é de pânico, na maioria das vezes seguida por desorientação. Assim pode ser descrito o sentimento de muitos investidores no mercado de ações ao passar por um momento como esse: dois meses seguidos de queda com uma perda superior a 20%. Para muitos brasileiros que ingressaram no mercado acionário, pode ser a primeira vez na qual estão expostos a um mercado em queda.

Após cinco anos consecutivos subindo, 2008 pode ser o primeiro ano de queda do Ibovespa, o que certamente é uma experiência nova e traumática para muitos, já que a quantidade de investidores pessoa física em ações mais do que dobrou no país nos últimos anos. E a primeira vez a gente nunca esquece... Pior do que isso, muitos desistem no caminho e abandonam o mercado deixando um rastro de preconceito e desinformação.

Quedas e altas na Bolsa são movimentos comuns que fazem parte da dinâmica dos mercados, inclusive o de ações. A grande diferença do mercado acionário é a informação precisa e instantânea (tempo real), valor dos ativos e do efeito que isso provoca nos iniciantes. O Investidor do mercado acionário pode, de qualquer lugar do mundo, acompanhar minuto a minuto a variação de preço do seu patrimônio. Essa informação, que é muito bem utilizada pelo mercado, normalmente conduz os iniciantes ao erro.

O que quero dizer é que ninguém quando compra um imóvel para alugar, para moradia ou para investimento, que seja... lê os classificados e procura saber quanto está custando aquele patrimônio diariamente. Se no mesmo prédio um vizinho vende um apartamento por um valor 20% a 30% menor, não se desespera e resolve vender o seu, afinal o discurso é sempre o mesmo: "aquele imóvel é meu! Não quero vender agora". Infelizmente, no mercado de ações é diferente.

Quem adquire ações de uma grande empresa como a Petrobras, procura olhar diariamente quanto está valendo seu patrimônio, na esperança que o valor aumente diariamente.Quando isso não ocorre e os preços começam a cair vem o pânico e o desespero que levam à venda, realizando a perda.

Esquecem que quando compraram ações se tornaram sócias de uma grande empresa e não é por seu valor está menor naquele momento que tenha que se vender, pois quem tem ações da Petrobras pode dizer: “Aquela empresa é minha, não quero vender minha sociedade agora por esse preço. Ninguém vai me obrigar a fazer isso e perder o belo potencial de crescimento de longo prazo que minha empresa terá. Muito pelo contrário vou continuar investindo pois acredito que estou sendo sócio de um belo negócio.”

Esse deve ser o pensamento do investidor. “Sou sócio das melhores empresas do Brasil, pois sei que para o Brasil continuar crescendo essas empresas continuarão crescendo”. Da mesma forma que não se deve fazer um casamento pensando em separar amanhã, quem assume uma sociedade com alguma empresa deve ter a certeza que está fazendo um negócio que tem data para começar, não para terminar e que apesar de todas as dificuldades do dia a dia, será bem recompensado no longo prazo.