sábado, 2 de agosto de 2008

A contrAGOSTO

Por: Luiz Souza, repórter

O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) iniciou agosto com a aparente determinação de manter a fama de mau agouro do mês. Apenas no primeiro pregão do período, na sexta-feira, houve queda de 3,1% no dia, o que empurrou a rentabilidade do índice para os abissais 9,7% abaixo de zero no ano.
O investidor que se prepare alta volatilidade esta semana. Itaú (na sexta), Bradesco, na terça-feira, e Vale (antiga companhia Vale do Rio Doce), na quarta, apresentam seus balanços referentes ao 2T08 (segundo trimestre de 2008). A próxima a entrar na fila de divulgação de balanços é a Petrobras, com previsão de divulgação do desempenho das suas contas na semana que vem.
O Ibovespa fechou o primeiro de agosto em 57,878 mil pontos, quilômetros de distância do ponto mais alto no gráfico de 2008, quando apontou a máxima de 73,516 mil pontos precisamente em 20 de maio, resultado direto do Investment Grade. Desde então, a Bolsa apenas tropeça, mas ainda distante da mínima de 53,709 mil pontos alcançados em janeiro, algo diretamente ligado ao rescalde da crise do subprime americana.
Nas últimas semanas, os analistas de mercado, gente que acompanha a evolução das cotações com lupa, têm tido uma rotina de stress. A Bolsa não opera em tendência definida. Situações como estas, desafiam os analistas gráficos, que entortam os pescoços diante das telas dos computadores, a fim de descobrir quais figuras se formam na tela, fundamentais para prestar orientação aos investidores.
O noticiário econômico parece confuso. Avaliações de que o Ibovespa encerre o ano em 40 mil pontos ou mesmo 80 mil pontos convivem nas mesmas páginas de jornal. Há os fatalistas, que maldizem o atual momento como o pior desde a crise de 1930. Porém, para o investidor pessoa física, os comuns mortais, que contam as economias de uma vida inteira em, no máximo, cinco dígitos, o negócio é agir com a cabeça fria.
Apesar da turbulência, há estratégias de proteção de carteira (pauta especial da próxima quinzena na Poupinvest), além de que, na queda, é possível ganhar dinheiro, ainda que sem muita técnica. Quem viu a bolsa subir na esteira do investment grade e se desfez de suas posições - e embolsou os lucros -, pode encontrar muita pechincha por aí, com o mercado sangrando.
Apenas para citar um exemplo, as ações preferenciais da Petrobras (Petr4), as alcançaram o preço máximo no patamar de R$ 53, ainda em maio deste ano, contra R$ 34,67 no final do pregão de ontem. Um analista de mercado me confessou que a coisa é arriscada, pois o fundo do poço pode ter subsolo, mas imagina a situação. Você vendeu quando a Petro bateu o máximo, e volta a comprar agora, quando ela apanha mais do que nunca. Depois, toma um sal de frutas, e vai à praia, e espera novidades. No olhômetro, diante do gráfico, a petrolífera opera em viés de baixa, mas não sejamos ingênuos. Uma queda superior a 30% em menos de três meses não significa que a Petrobras vá fechar.

Falha nossa: na sexta, as datas dos balanços trimestrais da Itaú Holdding, do Bradesco e da Vale foram divulgadas euivocadamente (no texto acima, as alterações já foram feitas). Um lapso. Iniciamos agosto com três caneladas em um só texto. Esperemos que a bruxa apronte por aqui apenas neste dia primeiro. Mais tarde, tem a primeira matéria da sequencia de especiais do Dia dos Pais, além do resumo dos resultados da Itaú Holdding. Obrigado.