segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O Dia dos Pais está chegando... e você, já pensou no futuro dos seus filhos?

O Plano Real, lançado em 1994, trouxe a estabilidade econômica ao País, e também um desafio para os pais: a escolha da opção de investimentos mais interessante para o futuro da prole. O jornalista Admílson Santos, 33 anos, tem a questão pela frente. Pai da pequena Beatriz, de seis, ele estuda as principais alternativas de investimentos, a fim de fazer um pé de meia para despesas futuras, como faculdade, ou cursos de pós-graduação.
O administrador de empresas, Flávio Nunes, avançou um pouco, em relação a Admílson. O filho, Samir, de apenas três anos, já possui um lote de ações da Petrobras. “Acredito no mercado brasileiro, e acredito na empresa. Pretendo montar uma carteira de ações para o Samir. É o melhor investimento para quem tem um projeto de longo prazo”, observa.O investimento em ações é apenas um item num cardápio de perspectivas que engloba opções desde a singela caderneta de poupança, passando pela previdência privada, até os investimentos em renda variável. Dentre os especialistas ouvidos pela POUPINVE$T, o primeiro passo para ajudar os filhos a realizar seus sonhoe é sanear as despesas da família, e checar oportunidades de economizar, a fim de criar uma folga no orçamento para investir.
Alguns analistas falam de metas ambiciosas de economia mensal, algo que chega a até 50% da renda, mas, tanto em finanças como na medicina, cada caso é um caso. A família deve traçar as suas metas de acordo com as suas possibilidades. O professor de economia da Universidade Católica de Salvador (Ucsal), Antônio Alberto Valença, avalia que a escolha do investimento depende do poder aquisitivo das famílias. “Há pessoas que têm grande parte da renda comprometida com as necessidades básicas, o que limita a capacidade de investir”, avalia. Para pessoas de baixa renda, o professor cita como opção a Poupança. “É o investimento mais singelo, e seguro”, observa.Os consultores ouvidos pela reportagem advertem que, no mercado financeiro, não existe investimento perfeito.
As aplicações estão submetidas basicamente a três variáveis – liquidez, risco e rentabilidade.
A Poupança, por exemplo, é líquida e praticamente tão segura quanto um convento, mas perde quando o assunto é a remuneração. Já as ações, são investimentos de risco. A rentabilidade é atrativa, mas quem quiser entrar neste mercado deve estar preparado para solavancos, além de saber exatamente o que está fazendo. Durante toda esta semana, a POUPINVE$T traz as principais oportunidades de aplicações financeiras para cada perfil de investidor.
O próximo dia 10 de outubro pode ser uma ótima data para que pais e filhos de todas as idades repensem suas finanças. Num dia de festa, não vale a troca de farpas ou cobranças geralmente associadas ao dinheiro, mas uma conversa franca em torno do assunto, de preferência sem rodeios.Falar sobre o futuro financeiro é algo muito maior que colocar as contas em dia, ou “ajeitar a vida”, avalia o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, que concedeu entrevista exclusiva à POUPINVE$T, a ser postada nos próximos dias.
O consultor defende que as famílias estabeleçam metas de poupança para aplicações futuras. “Mas estas metas não podem sacrificar o bem estar pessoal”, adverte. Metas difíceis de cumprir podem ser mais um desestímulo a quem pretende levar adiante um planejamento de longo prazo.Um objetivo futuro, porém, é um norte a qualquer projeto do gênero.A psicóloga clínica Tatiana Lago observa que o dinheiro é um dos itens que pautam as relações sociais, e que os pais devem estar atentos ao desenvolvimento das crianças, a fim de apurar a capacidade dos pequenos de compreender o valor das coisas. “É difícil dizer uma idade, mas a criança pode ser considerada matura para ganhar uma mesada, por exemplo, apenas quando for capaz de argumentar para que precisa daquele dinheiro”, observa.
A remuneração periódica, ainda que simbólica, deve ser um estímulo, mas não uma meta para que a criança ou pré-adolescente faça suas tarefas, adverte Tatiane.O professor da Focus Finance Educação Financeira, Lucas Leal, observa que, aos poucos, os pais podem conversar com os filhos a respeito do valor das coisas, e habituá-los ao ritual do dinheiro. “Os pais têm que explicar que a mensalidade da escola, ou mesmo o transporte têm valor. Isso tem que começar a ser ensinado para as crianças desde cedo, claro que de uma forma bem leve, para não gerar stress”, acrescenta.Quanto ao fator mesada, tema que gera constante polêmica entre pais e educadores infantis, Leal cita a literatura de educação financeira a respeito do assunto. De acordo com o professor, mais do que pensar na mesada como “prêmio” por um objetivo alcançado, é preciso estipular um valor para que a criança componha seu orçamento. Ainda que de uma forma lúdica, no seu universo infantil, a criança pode destinar parte da sua mesada para o lazer, outra parte para comprar doces, e mesmo uma quantia para poupar.
Porém, como dizem vários ditados relacionados ao assunto, o exemplo tem que vir de cima. Um complicador a mais para a organização das finanças pessoais é que, no Brasil, não temos o hábito de investir em educação financeira, e muita gente perde oportunidades de aplicar dinheiro por desconhecer mecanismos básicos do mercado.Dentre as opções mais conservadoras, estão, além da conta poupança, os Fundos de Renda Fixa, ou Previdência Privada. Em relação ao último item, a legislação brasileira determina que os planos de previdência podem investir até 49% dos recursos disponíveis em carteira para a renda variável.
Uma tendência verificada nos últimos meses é o avanço da previdência privada no mercado de ações, dada a atrativa rentabilidade dos ativos negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia vinculada ao Ministério da fazenda, e que regula o setor, obriga que os planos avisem aos seus clientes quanto à composição das carteiras e aos riscos que fazem parte do cotidiano do mercado acionário.Uma outra alternativa é a compra de títulos públicos, pelo Tesouro Direto. Em termos de renda fixa, os papéis do governo são excelente opção de rentabilidade.
As taxas de administração são relativamente baixas, na comparação com outras opções conservadoras do mercado, como os Fundos de Renda Fixa. Além disso, o investidor pode diversificar suas aplicações, através da compra de papéis diversos, com remuneração pós-fixadas (pela taxa básica da economia), prefixadas e indexadas a índices de preços. Com apenas R$ 100 já é possível começar a investir. No site http://www.tesouro.fazenda.gov.br, é possível encontrar informações detalhadas sobre o assunto.
O consultor Weber Fogagnoli, da E.UM Investimentos, afirma que as melhores opções de rentabilidade no longo prazo estão no mercado acionário. “A estratégia que os pais podem adotar é comprar ações de empresas sólidas periodicamente”, observa. O costume é muito frequente nos EUA, onde bebês são presenteados com ações. Apenas para se ter uma idéia, quem comprou ações da Petrobras (PETR4) em agosto de 2003 e as vendeu no final do pregão de ontem, teve rentabilidade de 450%. Na conta estão computadas as perdas recentes da companhia, por conta da incertezas atuais do mercado. “Para alcançar bons resultados, o investidor tem que ser disciplinado e ter seu objetivo em mente”, enfatiza Weber.